O blog do Magal - Opinião, cultura, economia e Política
Mas, por uma coincidência ainda não explicada, o presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), João Pedro Nascimento, o “xerife” do mercado de capitais brasileiro, pediu demissão de seu cargo que teria a missão de investigar esse suposto escândalo, justamente na sexta-feira, 18 de julho.
Muito prestigiado pela área econômica do governo Bolsonaro, o especialista em direito societário saiu à francesa da função de investigar possíveis aliados políticos ou altos funcionários americanos que estariam envolvidos nas retaliações discutidas contra o Brasil. A Securities Exchange Comission (congênere americana da CVM) também deveria participar da investigação.
Empossado na presidência da CVM em 18 de julho de 2022, em cerimônia com a presença do alto escalão da área econômica do governo Bolsonaro, incluindo o então ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, João Pedro Nascimento, cujo mandato terminaria em 18 de julho de 2027, renunciou ao cargo, alegando “motivos pessoais”, ainda tendo dois anos de mandato a cumprir.
A maior 'Insider' nunca provada
A maior operação de “Insider information”, nunca provada no Brasil, teria sido a revelação pelo presidente eleito Fernando Collor de Mello, em fevereiro de 1990, de que iria fazer o confisco dos depósitos, incluindo as cadernetas de poupança, e as aplicações financeiras acima de R$ 50 mil cruzados novos. A revelação foi feita ao economista e banqueiro Daniel Dantas, que foi a Brasília acompanhado de seu mestre, o ex-ministro Mário Henrique Simonsen. Dantas teria sido convidado para ministro da Fazenda, e soube de todo o plano, mas declinou do convite.
Na ocasião, a editoria de Economia do velho JORNAL DO BRASIL – investigou a fundo o assunto, mas não consegui confirmar. A versão que circulava no mercado financeiro do Rio de Janeiro, então o centro financeiro do país, foi de que ao sair da reunião, Daniel Dantas, que era conselheiro financeiro e gestor da fortuna da família de Antônio Carlos de Almeida Braga, dono da Atlântica-Boavista e sócio do Bradesco, ligou para o chefe (na época não havia celulares) e teriam combinado o resgate de todas as aplicações financeiras. Ambos tinham um trato: Dantas ganharia 50% do que ultrapassasse a remuneração da poupança.
Ainda segundo a suspeita da época, para escapar do confisco acima de R$ 50 mil e do IOF de 15% na conversão dos cruzados novos para cruzeiros (nova moeda adotada com perda de três zeros), os recursos teriam sido recolhidos à Brinks. Só nos ganhos do IOF, o lucro teria sido incrível. Menos de um ano depois, Dantas fundou o Banco Opportunity.
Deixe sua opinião