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Pocah relembra assédio que sofreu de contratante: 'Não vai tirar a calça?'
A cantora detalhou episódio traumático, desafios na carreira e sucesso no mainstream
Resumo
Pocah, em entrevista sobre o Dia Nacional do Funk, destacou o impacto transformador do gênero em sua vida, os desafios enfrentados, como machismo na indústria, e celebrou sua trajetória de resistência e sucesso na música.
Pocah, cantora e influenciadora
Foto: Reprodução Instagram | @gigdias
A cantora Pocah, de 30 anos, tem uma carreira consolidada. Todos os anos, ela movimenta multidões com seus bailes de carnaval, Halloween ou shows tradicionais. Em entrevista exclusiva para o Terra, em celebração ao Dia Nacional do Funk, que ocorre neste sábado, 12, ela falou sobre suas conquistas, relembrou desafios na carreira e avaliou seu futuro no gênero.
Criada em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, Pocah é filha de uma ex-empregada doméstica e de um comerciante. Ao falar sobre o funk, ela cita o gênero como agente de mudança em sua vida. Hoje, por exemplo, ela mora em uma casa de alto padrão, soma mais de 13,9 milhões de seguidores só no Instagram e garante, por meio de sua arte, uma vida confortável para si e para os familiares mais próximos --tudo isso, graças à música.
“O funk me deu uma história. Me deu a maior oportunidade da minha vida, me deu uma profissão. Ele me trouxe muita experiência como artista e como empresária também. Me trouxe experiência de vida, porque o funk é a maior escola da minha vida, então de fato ele mudou em muitos aspectos a minha vida”, disse, em entrevista exclusiva.
Pocah, cantora e influenciadora
Foto: Reprodução Instagram | @gigdias
Ao longo dos anos, Pocah precisou quebrar algumas barreiras e enfrentar desafios para se destacar. Um dos mais absurdos foi um episódio de assédio que sofreu por parte de um ex-contratante ainda no início da carreira. Na época, ele usou de ironia para atingi-la.
“Teve uma coisa que me marcou muito, foi a questão da minha roupa. Eu fui fazer um show e teve uma época em que eu só usava calça larga, meu bonézinho e meu tênis. E aí eu cheguei no show para cantar, cheguei de calça, de moletom, e o contratante veio me perguntar se eu não ia tirar a calça para fazer o show. Eu falei: ‘Não, não vou tirar a calça, meu figurino é esse’”, relembrou a cantora, relatando incômodo com o comentário feito pelo empresário.
Pocah, cantora e influenciadora
Foto: Reprodução Instagram | @gigdias
Para Pocah, o comentário expôs o machismo não apenas dentro da indústria musical, mas também do funk. O episódio lhe afetou, mas, com o tempo, ela aprendeu a lidar com a situação.
“Será que eles fazem isso [comentário] também com outros artistas de outros gêneros? Ou é só porque eu sou do funk e ele acha que eu tenho que subir sempre de fio dental? Obviamente, se eu quiser subir de fio dental, farei, isso só diz respeito a mim. Se eu estiver afim. Mas aquilo foi uma coisa que de fato mexeu muito comigo, ele falou debochando mesmo. Ele falou como se tivesse poder [sobre mim], por ele estar me contratando. Ele achava que tinha poder sobre a escolha do meu look. Então isso foi só porque eu sou funkeira. Porque se fosse outro artista, acho que eles não fariam dessa forma”, completou.
Pocah, cantora e influenciadora
Foto: Reprodução Instagram | @gigdias
Após passar por essa --e muitas outras--, a cantora vê sua trajetória na música não como vítima, mas como símbolo de resistência. Prova do sucesso são seus números: no Spotify, ela soma mais de 978,2 mil ouvintes mensais; no Deezer, o número cresce para 1,1 milhão.
“Eu vejo como uma trajetória de muita persistência, que me moldou muito como mulher também. Existem altos e baixos, mas tem muita resistência. Não tem tantas oportunidades para as mulheres quanto para os homens, existe uma desigualdade, mas isso é na vida, não só no funk. Mas eu vejo que está caminhando pra evoluir, antigamente era pior.”
Pocah, cantora e influenciadora
Aos críticos do gênero, em pleno Dia Nacional do Funk, a cantora carioca incentiva a autoreflexão: “Já vi muito comentário na internet de gente que consome funk no off. Então eu acho que são um bando de amargurados, a verdade é essa, de desocupados também. Porque se estivesse aí, botando um funk nas alturas e balançando o corpo, não estaria reclamando. Ninguém vai me ver reclamando do som de ninguém, da música de ninguém, porque eu sou feliz com o meu funk. Um beijo para quem gosta de funk e dois para quem não gosta.”
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