O blog do Magal - Opinião, cultura, economia e Política
Os EUA já fizeram isso no passado. O milagre econômico brasileiro na época da ditadura nos levou a um brutal endividamento externo. E a economia afundou com o Brasil totalmente dependente.
O apoio aberto do ex-presidente Jair Bolsonaro, de alguns governadores e setores da opinião pública às chantagens da Casa Branca ecoa o passado do regime militar e tem por lastro um “americanismo autoritário”, um dos traços do processo de modernização conservadora no Brasil. Como diria o falecido sociólogo Luiz Werneck Vianna, na história republicana, assimilamos superficialmente o liberalismo norte-americano, sem sua alma democrática, transformando-o em instrumento conservador e até mesmo reacionário de dominação interna.
Essa ambiguidade diante dos EUA — ora como farol de progresso, ora como ameaça à soberania — remonta aos anos 1930, quando pensadores como Oliveira Viana propunham uma modernização autoritária, centrada na ordem agrária e no Estado forte. Como muitos ainda imaginam, o campo era visto como o sustentáculo da identidade nacional e da disciplina social. Não por acaso, setores conservadores do agronegócio hoje ainda operam com essa lógica.
Mas o conflito político que fratura nossa coesão social e provoca fissuras na unidade nacional não diz respeito apenas ao agronegócio, que hoje exporta sobretudo para a China. Ele atinge em cheio setores industrializados, como o café processado, o suco de laranja e os produtos químicos exportados para os Estados Unidos. Isso nos remete à divisão histórica entre os projetos de industrialização autônoma, como o de Celso Furtado, e a industrialização dependente dos anos do “milagre econômico”, sob a batuta de João Paulo dos Reis Velloso.
Furtado advertia que sem reforma agrária, desenvolvimento regional e soberania tecnológica, o Brasil seria permanentemente vulnerável às pressões externas. A questão agrária é leite derramado, porém o desenvolvimento regional e avanço tecnológico ainda são agendas da hora
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