O blog do Magal - Opinião, cultura, economia e Política
uoco enfrentava, nos últimos anos, complicações de saúde derivados de uma infecção nos rins, algo que o deixou com dificuldades de locomoção.
Ao longo de grande parte dos quase 70 anos de carreira, Cuoco emprestou o rosto, o corpo e a voz para um ideal — aquilo que se convencionou chamar de galã. Intérprete de figuras carismáticas e sedutoras, o paulistano nascido e criado no bairro do Brás enfileirou trabalhos de sucesso num período em que a TV ainda engatinhava no país.
Filho do feirante italiano Leopoldo Cuoco, ajudava o pai em sua barraca no Brás e à noite estudava, à princípio, para seguir carreira no Direito, mas ao ingressar na Escola de Arte Dramática de Alfredo Mesquita, decidiu abraçar a dramaturgia como profissão. Após estrear em espetáculos do Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), depois atuou pela companhia Teatro dos Sete, trabalhando com Gianni Ratto, Fernando Torres, Ítalo Rossi e Fernanda Montenegro, e foi premiado em 1964 pela Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA) como melhor ator coadjuvante na peça "Boeing-boeing".
A estreia na TV se deu em 1963, no elenco do programa "Grande Teatro Murray", dirigido por Sérgio Britto, na TV Rio. Pela TV Record, fez sua primeira novela, "Renúncia", escrita por Walter Negrão em 1964. Após passar também pela Tupi e TV Excelsior, chegou à TV Globo em 1970, na novela " Assim na Terra, como no Céu", de Dias Gomes. Na emissora consolidou-se como uma das principais estrelas da casa, com protagonistas de tramas escritas por Janete Clair, a exemplo do Carlão de "Pecado capital" (1975), o Cristiano de "Selva de pedra" (1972) e Herculano de "O astro" (1977).
A imagem de uma multidão à espera de Francisco Cuoco na saída de uma apresentação no Theatro Municipal de São Paulo, no início dos anos 1970, é o retrato mais fidedigno do que que representou o ator para o imaginário coletivo de determinada época. A cena é real, e está documentada nos arquivos da TV Globo como parte do programa "Só o amor constrói" (1973): assim que deixa o local, depois de apresentar um monólogo, o artista é dominado por uma massa de gente — homens, mulheres, crianças, idosos —, sendo escoltado por agentes policiais, tamanha a turba.
Deixe sua opinião