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“Que bala é caro o que, mano... Os 'cara' do CAC 'compra' barato, pô. Eu vou ver aqui quem tem”, diz um dos homens.
Tio Comel é conhecido na polícia como o maior clonador de carros do Rio. E mesmo preso, segundo as investigações, ele continua nessa atividade, numa espécie de revendedor de carros roubados.
Leandro Costa, delegado adjunto da Delegacia de Homicídios — Foto: Reprodução/TV Globo
“Eles têm acesso muito fácil há uma diversidade de veículos. No decorrer da investigação, a gente teve acesso a informações de uma grande quadrilha de roubo e clone de carro. Essa atuação do tráfico, do aumento do crime de roubo de veículo, tá muito ligada a essa expansão. Eles roubam e imediatamente levam para um ponto onde refazem a placa, fazem chassi. Já põe o carro ou a serviço do tráfico ou o carro é vendido para gerar renda pro tráfico”, fala o delegado adjunto da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), Leandro Costa.
Taxa de barricadas
O RJTV tem mostrado nos últimos dias reportagens sobre a expansão do Comando Vermelho na Zona Oeste. A facção invadiu áreas que eram controladas por milicianos ou que não estavam sob domínio de criminosos e adotou práticas como a extorsão para acesso a serviços básicos.
Moradores da Grande Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio, denunciam que traficantes cobram para estacionar e para manter barricadas.
O avanço do crime organizado sobre a região de Jacarepaguá aconteceu em menos de 2 anos. A Rua Araticum, no Anil, é um exemplo da velocidade com que quadrilhas dominaram a região.
Até meados de 2022, era uma rua conhecida na vizinhança pela tranquilidade. Parte dela é uma área de casas e condomínios, nos pés da Floresta da Tijuca, com trilhas que levam a cachoeiras, como a do Quitite, no alto da rua.
Hoje, justamente essas características geográficas fazem dessa rua um ponto de disputa entre o tráfico e a milícia — sobretudo na região conhecida como sertão, que dá acesso a pontos de interesse das quadrilhas, como Rio das Pedras e Muzema.
“Foram botando ponto de venda de drogas ali. Essa região foi uma região que teve muitos mortos, porque tinham vítimas tanto do tráfico quanto da milícia. Como é uma região de fronteira, por vezes os traficantes matavam gente envolvida com a milícia, e milicianos matavam pessoas envolvidas com o tráfico. Então, estourou o número de homicídios naquela região. Então a Araticum ficou, inclusive, conhecida como a Rua da Morte", explica o Leandro Costa
A venda de drogas continuou, mas o que ajudou a alavancar as receitas do Comando Vermelho foram as extorsões a moradores e comerciantes.
Serviços públicos e particulares, como água, luz, gás e internet, são taxados pelos criminosos. Moradores precisam pagar mensalidade até para estacionar na rua.
Há poucos meses, traficantes criaram uma outra tarifa: a chamada “Taxa de Barricada”. Comerciantes são obrigados a pagar para ajudar o tráfico a colocar obstáculos nas ruas.
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