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Foto: Mauro Pimentel/AFP
A política deu o tom na abertura da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30) nesta segunda-feira, em Belém. Em seu discurso mais enfático até agora na capital paraense, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva rompeu com as formalidades da Cúpula de Líderes da semana passada e fez ataques a potências que não enviaram representantes de alto nível, sem citar diretamente os EUA e a China. Também criticou nações que financiam ou travam guerras. “Se os homens que fazem guerra estivessem aqui, perceberiam que é muito mais barato colocar US$ 1,3 trilhão para enfrentar um problema que mata do que gastar US$ 2,7 trilhões com guerras, como fizeram no ano passado”, afirmou.
Já o secretário-executivo da Convenção do Clima da ONU, Simon Stiell, enfatizou a necessidade de cortar as emissões de CO2 na atmosfera, antes mesmo de os países entregarem as promessas firmadas em suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs, em inglês). “Nenhuma nação tem como arcar com isso enquanto desastres climáticos começam a impor prejuízos de dois dígitos na percentagem do PIB dos países”, declarou.
Dos Estados Unidos, o presidente americano Donald Trump não citou Lula, mas criticou as obras de infraestrutura que foram feitas em Belém para a Conferência do Clima. Em sua rede social, a Social Truth, Trump disse que as obras foram um escândalo. “Eles destruíram a Floresta Amazônica no Brasil para a construção de uma rodovia de quatro faixas para que ambientalistas pudessem viajar”, escreveu.
No Brasil, o governador da Califórnia, Gavin Newsom, líder emergente do Partido Democrata, criticou a ausência de seu país na conferência e afirmou que os EUA sofrem hoje com um “vácuo de liderança” na agenda climática. Ele participou de um simpósio sobre mercados e sustentabilidade em São Paulo e desembarca em Belém hoje. “A razão pela qual estou aqui é pela ausência de liderança vinda dos Estados Unidos. Esse vácuo é, francamente, de cair o queixo”, afirmou.
O primeiro dia oficial da COP30 atingiu a marca de 111 metas climáticas entregues por países membros. O total representa 71% das emissões globais de gases do efeito estufa, segundo a plataforma Climate Watch. O número teve um salto nesta segunda-feira, após a inclusão dos 27 países da União Europeia na lista. Determinadas pelo Acordo de Paris, as NDCs precisam ser atualizadas pelos 195 signatários a cada cinco anos, mas a maioria não cumpriu o prazo, mesmo sendo estendido, de fevereiro para setembro.
Um documento assinado por 51 relatores especiais da ONU pede a implementação urgente e eficaz dos acordos do clima de forma justa e inclusiva. O texto de sete páginas afirma que a credibilidade da COP30 depende do sucesso de alcançar um resultado significativo para atenuar os problemas climáticos. A declaração também ressalta a necessidade de “limitar a presença de lobistas de combustíveis fósseis na COP” e “assegurar transparência, participação pública e diálogo significativo com a sociedade civil”.
O ministro da Casa Civil, Rui Costa, reagiu às críticas ao início das pesquisas que a Petrobras faz na costa amazônica, conhecida como Margem Equatorial, na busca de novas reservas de petróleo e gás. Segundo ele, o petróleo brasileiro tem menor concentração de carbono e, portanto, gera menos emissões do que o de outros países. “O petróleo brasileiro é menos emissor. Encerrar as refinarias pioraria a condição ambiental do planeta”, disse.
Enquanto isso, um novo relatório da Agência das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), também lançado nesta segunda, revela que a crise climática obrigou 250 milhões de pessoas a deixarem suas casas na última década, uma média de 70 mil por dia. De acordo com o estudo, os refugiados são afetados por fatores como a elevação do nível do mar e o calor extremo enfrentado nos países que os abrigam após fugirem de conflitos. Somente em 2024, pessoas nas 15 maiores concentrações de refugiados do mundo experienciaram cem dias de calor extremo.
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