O blog do Magal - Opinião, cultura, economia e Política
Deputado do PL diz que cobrança sobre grandes fortunas vai afastar empresários e comprometer empregos no país.
O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) saiu em defesa dos bilionários e criticou a campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de taxar os super-ricos, a "taxação BBB": bilionários, bancos e bets. Para o parlamentar, o discurso de enfrentamento entre pobres e ricos divide a população, enquanto, segundo ele, integrantes do governo mantêm patrimônio elevado e privilégios.
Em um vídeo publicado em redes sociais, nessa segunda-feira (7/7), Nikolas defende que a cobrança sobre os mais ricos poderia reduzir investimentos no país, aumentar a inflação e levar empresários a deixar o país. Além disso, poderia comprometer a arrecadação do Estado. Disse ainda que, assim como ocorreu “na Noruega”, grandes fortunas deixariam o Brasil caso a proposta avance.
“A tentativa deles é a mesma há anos, ficar fazendo uma luta de nós contra eles, ricos contra pobres, de negros contra brancos, ateu contra cristão (...). Mas você vai taxar os super-ricos, e aí? No próximo dia, o que vai acontecer? Eles vão embora. Simples assim. Como aconteceu, por exemplo, na Noruega, que foram embora. Óbvio. Por que eles vão ficar em um país que está taxando eles?”, afirmou, citando uma reportagem do jornal O Estado de S. Paulo.
Para ele, o que o governo tenta vender como solução para os problemas do país é, na prática, um risco de aprofundar desigualdades. “Qual a consequência disso? Com essas pessoas saindo do Brasil, consequentemente as empresas deles também saem. Então, menos empregos, falta de investimento e principalmente falta de arrecadação, até mesmo para o Estado, que está querendo taxar eles. Não vou nem falar da fuga de cérebros, de mentes pensantes que vão sair daqui e ir para outros países que têm melhores condições de desenvolver. O que eles estão querendo te vender, como um bom esquerdista, é de que fazendo isso daqui, você vai ter a solução de todos os problemas do país”, completou.
Apesar de criticar a taxação dos mais ricos, Nikolas se apoia em exemplos de ministros milionários no governo Lula para questionar a coerência do discurso do PT. No entanto, segundo um estudo divulgado pelo G20 em 2024, apenas cerca de 50 brasileiros atingem o patamar de patrimônio que enquadra a proposta de taxação de grandes fortunas, uma faixa bem acima do patrimônio que Nikolas cita como argumento.
Nikolas também critica a deputada federal Erika Hilton (Psol-SP), que recentemente posou com uma bolsa avaliada em R$ 27 mil, e uma gravata da marca de luxo Louis Vuitton usada pelo presidente Lula, que custou R$ 1,6 mil. As viagens do presidente, o número de pessoas nas comitivas e os ministros de Estado também foram alvos do deputado.
Leia também:
Pesquisa: em BH, Kalil e Nikolas lideram disputa por Governo de Minas
“O Lula, assim como o PT, parou no tempo. Ele quer utilizar a mesma nativa, a mesma tática para poder colocar um contra o outro. A população briga e ele vence”, finalizou.
Taxação dos super-ricos
Apesar das críticas do deputado mineiro, estudos recentes apontam que a cobrança sobre fortunas bilionárias poderia ter impacto limitado na economia real do país, mas grande impacto na arrecadação. Um levantamento solicitado pelo G20 em 2024 estimou que uma alíquota global de 2% sobre o patrimônio de cerca de 3 mil bilionários resultaria em US$ 250 bilhões, equivalente a R$ 1,3 trilhão, por ano.
Segundo o documento, assinado pelo economista francês Gabriel Zucman, esses poucos bilionários concentram juntos US$ 14,2 trilhões, mas representam apenas 0,0001% da população. No Brasil, de acordo com o mesmo estudo, cerca de 50 pessoas se enquadrariam no perfil de mega fortunas alvo da medida.
Deixe sua opinião