Donald Trump, padrinho da máfia internacional

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'Libération', da França, chama Trump de 'mafioso internacional' por 'interferência explícita' na política brasileira; leia a íntegra do texto
Donald Trump, padrinho da máfia internacional
Capa de caderno especial do 'Libération' sobre Donald Trump (arquivo) Foto: reprodução


'Donald Trump agora tem tudo para ser o herói de uma nova parcela da série Narcos, pois transforma as relações internacionais, políticas e comerciais em um vasto campo de prevaricação, extorsão e ameaças violentas', escreve o prestigiado colunista francês Thomas Legrand
A imprensa francesa segue repercutindo nesta sexta-feira (11) a decisão do presidente americano, Donald Trump, de aplicar uma tarifa alfandegária de 50% a todos os produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos. O tom dos veículos é de incredulidade e revolta.
"Trump, o mafioso internacional" é o título de uma coluna no jornal "Libération" assinada pelo jornalista Thomas Legrand (leia a íntegra do texto abaixo). Para ele, o presidente americano poderia ser o personagem principal de uma nova temporada da série de TV Narcos, "de tanto que ele transforma as relações internacionais, políticas e comerciais em um vasto campo de prevaricação, de extorsão e de ameaças violentas".
O texto ainda afirma que o "funcionamento mental do presidente americano é o de um chefe mafioso", ao tentar se intrometer na política interna brasileira, exigindo que seu aliado ideológico Jair Bolsonaro não seja julgado e que redes sociais que propagam fake news não sejam censuradas no Brasil. O "Libé" chama Trump de "Al Capone" ao usar uma ameaça econômica por motivos políticos e com um objetivo de "interferência descarada", conclui.
Tentativa de extorsão
"O Brasil de Lula responde às taxas impostas por Donald Trump" é o título de uma matéria do jornal econômico "Les Echos", assinada por sua correspondente em Nova York, Solveig Godeluck. O diário explica que o líder republicano exige que o ex-presidente Jair Bolsonaro, seu aliado, não seja julgado por tentativa de golpe militar e que plataformas digitais americanas que difundem conteúdos duvidosos e antidemocráticos não sejam censuradas. O jornal classifica a decisão de Trump de "tentativa de extorsão para interferir na política interior" do Brasil.
O "Les Echos" diz que Lula "subiu no ringue, ignorando a ameaça" e lembrou que seu governo pode responder na mesma moeda. O diário avalia que Trump está irritado pelo fato de o Brasil pertencer ao Brics, que busca uma outra solução ao uso do dólar nas transações comerciais e ao domínio dos Estados Unidos no comércio internacional.
Incoerência das medidas
O canal francês BFMTV dedicou sua crônica de economia ao assunto. A análise da emissora cita "a incoerência" da futura tarifa imposta ao Brasil, sob a alegação errônea de Trump de que existiria um suposto excedente comercial com os Estados Unidos. "Não vemos onde está a injustiça já que são os Estados Unidos que registram um superávit com o Brasil, de US$ 7,4 bilhões em 2024", apontou a emissora.
"Será que Trump está realmente cogitando interromper o julgamento de Bolsonaro ou esse é apenas um pretexto para encher os cofres dos Estados Unidos?", questionou a jornalista Caroline Loyer. Para ela, qualquer uma das opções suscita o temor de uma grave crise diplomática entre os dois países.
Íntegra do texto de Thomas Legrand
'Donald Trump, padrinho da máfia internacional'
"Ao pressionar os sistemas de justiça brasileiro e israelense, ao ameaçar seus interlocutores caso eles não assinem seus acordos, o presidente americano está se comportando como o chefe de uma organização criminosa.
Donald Trump agora tem tudo para ser o herói de uma nova parcela da série Narcos, pois transforma as relações internacionais, políticas e comerciais em um vasto campo de prevaricação, extorsão e ameaças violentas. O funcionamento mental do presidente americano é exatamente o de um chefe da máfia. Agora ele está interferindo nos assuntos internos do Brasil e exigindo que seu aliado ideológico de extrema-direita Jair Bolsonaro não seja julgado pela Justiça de Brasília e que a Truth Social, sua rede social, que espalha notícias falsas e insultos públicos, não seja censurada no Brasil. Recorde-se que o ex-presidente do Brasil está atualmente a ser julgado no seu país por corrupção e tentativa de golpe de Estado. Se as autoridades brasileiras não cumprirem as exigências imperialistas de Trump, as tarifas impostas ao maior país sul-americano aos Estados Unidos subirão para 50%.
Um Al Capone global
O uso de uma ameaça puramente econômica por motivos políticos que envolve interferência aberta não é a primeira vez para o potentado americano. Este último colocou a mesma pressão sobre o judiciário israelense, que atualmente está julgando o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu por corrupção. Porque o que é alucinante, e denota o fim dramático de qualquer forma de decoro nas relações internacionais por parte de Trump, é que ele se permite exigir que não apenas os executivos, mas também o judiciário de Israel e do Brasil, ajam de acordo com sua vontade, não respeitando suas próprias constituições."

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