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"Em 1987, Marisa Monte tinha apenas 20 anos quando foi registrada por Selmy Yassuda, sentada na histórica murada da Urca, no Rio de Janeiro, com o Pão de Açúcar ao fundo, simbolizando não apenas o início de uma carreira brilhante, mas também o renascimento de uma nova voz
feminina na MPB. Era um Brasil que saía da Ditadura Militar e respirava um novo ar cultural, onde artistas como Cazuza, Renato Russo e Marina Lima também despontavam com força. Naquele instante, Marisa ainda era uma jovem estudante de canto lírico, recém-chegada da Itália, onde se formou na Scuola di Musica di Milano, e ainda não havia lançado seu primeiro disco. O clique capturado por Selmy não só congelou um momento íntimo da artista, mas também se tornou um retrato vivo dos anos 80 cariocas, uma década marcada por ebulição artística e reinvenção musical."
"Foi naqueles encontros improvisados na Lapa, nas rodas de samba do Cacique de Ramos e nas festas no Jardim Botânico que Marisa começou a se conectar com nomes como Arto Lindsay, Nando Reis, Nelson Motta e Carlinhos Brown, nomes que mais tarde ajudariam a moldar a sonoridade única de sua obra. Em 1988, ela faria sua estreia com o espetáculo Veludo Azul, no teatro Ipanema, misturando jazz, samba e canções barrocas.
Sua estreia fonográfica viria em 1989 com o disco MM, gravado ao vivo no Teatro Villa-Lobos, produzido por Nelson Motta, alcançando sucesso nacional imediato. Com interpretações de "Bem Que Se Quis" e "Beija Eu", Marisa tornou-se referência de sofisticação e ousadia estética. Seu rosto passou a estampar capas de revistas como Manchete e IstoÉ, e sua voz ecoava em rádios como Eldorado FM e JB AM."
"Aquela tarde na murada da Urca tornou-se memória viva do início de uma artista que transformaria a música brasileira, cruzando fronteiras e conquistando palcos como o Olympia de Paris e o Carnegie Hall em Nova York. A imagem de Marisa, olhando para o horizonte da Baía de Guanabara, não é só um registro fotográfico; é um marco cultural que atravessa
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Urca RJ |
gerações. Até hoje, influenciadoras, jornalistas de moda e críticos musicais revisitam esse instante para entender como o Rio de Janeiro de 1987 pariu uma das maiores intérpretes da história da MPB. Selmy Yassuda, com seu olhar preciso, eternizou o início de uma lenda viva da música brasileira, em um tempo em que a arte era resistência e cada esquina da Urca contava uma história de revolução sonora."
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