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A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) emitiu uma nota de repúdio contra o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL) após o parlamentar publicar uma postagem nas redes sociais na qual ataca e ameaça o jornalista Guilherme Amado. A manifestação da entidade, divulgada na segunda-feira, 17, foi motivada por uma declaração do filho do ex-presidente Jair Bolsonaro no X (antigo Twitter), em que afirmou ter citado Amado durante uma reunião na Casa Branca, nos Estados Unidos.
De acordo com a Abraji, a intimidação está relacionada à publicação de uma reportagem na coluna de Amado no PlatôBR sobre a live realizada por Eduardo Bolsonaro em Washington, enquanto ocorria uma sessão plenária do Congresso Nacional. Nesta terça, Eduardo Bolsonaro anunciou que está se licenciando do cargo e permanecerá nos Estados Unidos por tempo indeterminado.
Em resposta à reportagem de Amado, o parlamentar, que está nos EUA desde o final de fevereiro, associou falsamente o jornalista à prisão do ex-assessor especial da Presidência da República Filipe Martins, detido pela Polícia Federal na operação Tempus Veritatis, em fevereiro de 2024. “A intimidação faz referência a uma campanha de desinformação mobilizada pelo deputado Bolsonaro junto a outros parceiros políticos”, diz a nota.
“Estive na Casa Branca, sua matéria da inserção falsa da entrada do Filipe Martins foi um dos assuntos, você tem razão de ficar com medo”, escreveu Eduardo Bolsonaro no X, na última quinta-feira, 13.
A entidade esclarece que a matéria do jornalista, publicada em outubro de 2023, revelou um documento da imigração dos Estados Unidos, obtido por meio de consulta pública, que registrava a entrada de Filipe Martins no país em 30 de dezembro de 2022. Posteriormente, verificou-se que o documento continha um erro e que Martins, na realidade, estava no Brasil naquele período. A reportagem foi alterada para incluir essa informação, mas a defesa do ex-assessor utilizou o dado inicial para contestar a prisão.
A Abraji, no entanto, ressalta que a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, de decretar a prisão de Martins não teve como base a reportagem de Guilherme Amado, mas, sim, um relatório da Polícia Federal. “Eduardo Bolsonaro divulga a falsa informação de que a reportagem de Guilherme Amado seria responsável pela prisão de Martins. No entanto, a decisão do ministro Alexandre de Moraes [...] não se baseia na reportagem, mas em um relatório da Polícia Federal”, enfatiza a nota da entidade.
A associação também denuncia o que classifica como uma estratégia recorrente do deputado para atacar jornalistas e descredibilizar a imprensa. “A publicação tem o intuito de mobilizar seus apoiadores contra o jornalista e, assim, tentar silenciar o seu trabalho, justamente quando este mostra contradições de sua atuação como parlamentar”, afirma o texto.
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